No terceiro dia, após a morte de Jesus, dois discípulos saíram de Jerusalém para Emaús, aldeia que ficava a cerca de 11 Km. (Lc.24.13). Para eles, era o fim de um sonho. Jesus, aquele que deveria vencer os romanos e restaurar o reino de Israel, conforme criam, tornou-se apenas mais uma ilusão, entre tantas outras. A perseguição dos religiosos contra Cristo havia chegado ao extremo. Ele foi preso e crucificado. Apesar de todos os avisos, seus seguidores não esperavam pela crucificação. Sua expectativa sobre o ministério de Jesus era de uma redenção política para a nação judaica. Portanto, estavam frustrados. Ainda hoje, muitos adeptos do cristianismo se decepcionam porque neste caminho existe uma cruz, aquela da renúncia pessoal, da mortificação da carne, para que o espírito prevaleça. Quem acredita num evangelho humanista concentrado nas coisas materiais vai se frustrar, mais cedo ou mais tarde. A cruz pode surpreender até mesmo aqueles que esperam por ela, mas ainda não conhecem os aspectos exatos de sua manifestação. Aqueles três dias foram de silêncio mortal: nenhum milagre, nenhuma voz dos céus. Não se encontravam explicações para a cena do Calvário. Eram tantas perguntas e nenhuma resposta. De que valera a fé, os ensinamentos e todo o esforço dedicado em seguir o Mestre? Era o fim da esperança. Restavam apenas tristeza e desilusão. Na percepção daqueles homens, era tempo de desistir, debandar, cada um para sua casa, sua vida e seus propósitos particulares. A visão humana é muito diferente da visão divina. Fazemos uma avaliação lógica dos fatos e tiramos conclusões que, muitas vezes, desconsideram a palavra de Deus e a fé. Aqueles dias em que Jesus esteve sepultado podem ser comparados ao período em que a semente permanece oculta no solo depois de ter sido semeada. Não há sinal de vida, mas, no tempo certo, ela germinará. O que parece o fim pode ser apenas o recomeço. Para os discípulos, tudo parecia terminado, mas o propósito de Jesus não havia morrido. Enquanto lamentavam o passado, Cristo inaugurava um futuro glorioso. Sendo o terceiro dia, a ressurreição era uma realidade. Aqueles homens ouviram falar a respeito, mas não acreditaram (Lc.24.22-25). O plano do Mestre era que eles permanecessem em Jerusalém. Porém, estavam andando na contramão do propósito de Deus, indo para Emaús. Jesus não mandou que eles fossem para lá, mas estavam seguindo a vontade própria. Naquele momento, Jesus manifestou seu amor e sua infinita misericórdia ao surgir no meio da estrada e caminhar com eles. Sua chegada não foi para repreendê-los asperamente, fazendo-os voltar a todo custo. Jesus demonstrou mansidão e compreensão com os discípulos naquele momento em que a fraqueza os dominava. Passamos por situações assim, quando parece que a fé falhou. Parece que Deus nos abandonou. Ficamos decepcionados e tomamos o rumo errado. Nossas decisões traçam caminhos que nos afastam do propósito celestial. Quantos estão voltando para a velha vida, para os compromissos mundanos, para o pecado! Afastam-se dos outros discípulos, saem da igreja, isolam-se. Este pode ser o princípio da apostasia. Contudo, Jesus continua conosco, embora não o reconheçamos de imediato. Ele não desistiu de nós. Sua presença vem acompanhada por sua palavra (Lc.24.27). Ele continua falando ao nosso coração, fazendo-o arder (Lc.24.32), despertando a fé em nosso íntimo. Chega o momento, porém, em que precisamos demonstrar nosso desejo de tê-lo continuamente ao nosso lado. Nosso livre-arbítrio deve se manifestar de alguma forma. Naquele instante, quando Jesus ia se afastando, os discípulos disseram: “Fica conosco, pois já é tarde e já declinou o dia” (Lc.24.29). Não podemos continuar nossa viagem sem o Senhor. Clamemos por sua doce presença. Jesus chegou com eles até Emaús. Novamente, o Bom Pastor demonstra sua disposição em descer aos lugares de perdição para trazer de volta as ovelhas desgarradas. Então, aconteceu aquele maravilhoso momento de comunhão, quando Jesus abençoou o pão e, partindo-o, deu aos discípulos (Lc.24.30). Então, seus olhos foram abertos, reconheceram que era o Senhor, e ele desapareceu diante deles. Aqueles homens ouviram a palavra de Deus no caminho, compreenderam, creram, foram vivificados pelo encontro com Jesus e decidiram corrigir o rumo de suas vidas. Assim deve acontecer conosco. “E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém” (Lc.24.33). Afinal, tinham um encontro marcado com o Espírito Santo naquela cidade no dia de Pentecoste. Eles pensavam que seu ministério havia chegado ao fim, mas aquele era apenas o começo. Tornaram-se testemunhas oculares da ressurreição de Cristo. Encontraram novo motivo para viver. Corrigiram a rota, integrando-se novamente ao rebanho do Senhor. Então, deveriam retomar a idéia de vencer o Império Romano e estabelecer o Reino de Cristo sobre Israel? Não. O plano de Deus, naquele momento, era um grande combate ao Império das Trevas, e que o Reino espiritual de Cristo começasse a ser estabelecido na terra. Precisamos estar sintonizados com os desígnios de Deus. Que os sonhos do Senhor sejam colocados acima dos nossos. Amado irmão, quem sabe você tem andado na contramão dos propósitos de Deus, tomando decisões que o afastam das veredas da justiça? Jesus está ao seu lado, mas ele não ficará para sempre com você em Emaús. Ouça as palavras do Senhor. Ele está convidando-o a voltar ao caminho direito. Antes que seja tarde demais, volte, para que os gloriosos propósitos de Deus se concretizem em sua vida. Venha ser cheio do Espírito Santo e viver como fiel testemunha do Senhor Jesus Cristo. Autor: Prof. Anísio Renato de Andrade |
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Dois Discípulos na Contramão
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